Vagando nos vagões do Metrô...

Como achar que estou feliz diante da ceninha frequente nas noites frias da Europa: A professora que acaba de dar aula e entra no transporte que anda no solo da terra atravessa sua linda de ida e volta, uma, duas..basta por hoje!... - Como se andar na linha verde sem rumo me desse algum tipo de esperança.

Vejo as pessoas correndo para sair do frio e chegar a sua casa, eles talvez procuram algo, matar algum tipo de necessidade fisiológica...encontrar alguém, ou mesmo a televisão. Ver que o Obama chegou a presidência, se sentirão capazes, uma hora a mais na vida que aumenta o sentido em um lugar comum...

Mas, eu...

Só tenho um livro na mão, as linhas são consumidas sem grande desejo. Somente uma vontade de acabar a leitura e devolver o livro.

Depois que acabo de realizar sonhos penso a mim mesma: Chegou a hora de voltar a ser eu. Não tenho aqui mais os alunos que falam comigo coisas banais, mesmo sem interesse de saber por que meu humor anda mudando tanto nas aulas...

Eu digo a todos que é a saudade do Brasil, falta de energia, gripes, alergias, furacões...tudo ao mesmo tempo.

Só eu sei o que se passa aqui, o que me afeta por tras desse sorrido cínico.

Depois que cheguei da linha, a noite foi infernal. Diante da falta do corpo dela, eu presto atenção para coisas que nunca havia ligado muito, e ao sair do computador as 2hs da madrugada, me reviro com um carma da coceira que se torna maior e irritante.

Mudo de quarto, deixo ela lá com seu sono profundo. Só assim consigo vagar menos pela cama.

O tempo passa, eu quase não dormi e estou antipática.

Já é manhã e vou novamente ao metrô. Agora tenho rumo, preciso chegar a um ponto. A noite se repete a cena...Bette vagando nos vagões do Metrô...

"Quando olhar uma mulher triste, sentada ao lado da janela que corre sem paisagem, a ler sem direção ao papel, olhar na penumbra de si mesma...fale comigo, digam a mim que isso irá passar".



Bette.
Vagando sem luz de um vaga-lume...