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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

E chega um dia que se desiste de tudo...

Esse é meu último post meninas...

Agradeço pela cia.

Peço-as desculpa por não ter sido tão forte a ponto de sustentar tudo aqui dentro. Mas, para quê continuar assim? Fui a nocaute, ao lixo... e não consigo mais sair. Isso tudo me faz mal, não consigo esquecer ela, e tudo que eu fizer com outra mulher será beijar pensando em outra...e tantas outras coisas que só me faz mal.

Tenho somente uma certeza, de que há alguém que me quer fazer feliz, mesmo que não seja do mundo Lez, mas é alguém que me dá valor e saibam que hoje em dia isso muito precioso. Tenho um pedido de compromisso e nessa e em tantas outras incertezas, chega a hora de abandonar o barco Lez.girls-BR.

Boa Sorte.

Eu, Bette.

As mulheres que devemos jogar no lixo!

Por que devemos jogá-las no lixo?

Antes tinha uma certeza no impulso do momento. Mas agora, ressoa em mim uma dúvida. E ao final do texto, vocês irão ver qual mulher devo jogar no lixo... Sigam-me...

Ela, a PRIMEIRA. Forte, sensível, dona de si. Uma voz nordestina e um sorriso que não sei se conseguirei esquecer. Tirava-me do silêncio e me fazia admirar aquela alegria doce. Dava-me à liberdade que queria, e me ajudava a lidar com meus conflitos sexuais. Descobri com ela: o toque suave de uma mulher; o perigo do primeiro beijo; o toque nas mãos que criava borboletas na barriga, o amor.
Quão bom foi descobrir seu corpo e sua alma. Nunca esquecerei suas frases “ Não vejo corpos e sem almas” – “Se permita!” – Vá menina Danada!”.

Uma mulher de 30, madura, com formas lindas, olhar que me penetrou e me deixou confusa na primeira vez que reparei nele. Não!!! Não a devo deixar no lixo. Eu que te traí.
Sejam lá as causas... fiz por que não acreditou em mim, fiz por que me deixou sem a possibilidade de viver um pouco mais contigo...meus traumas, minha vingança, minhas provações.

Nunca deveria ter feito aquilo. Perdoe-me! Talvez nunca leia isso, mas saiba que foi muito importante para mim. Obrigada por ter passado por minha vida!

A SEGUNDA, a tão conhecida Tina. O que devo dizer de você, pensar e querer te lançar ao lixo? A pessoa que me deu carinho, que se permitiu viver esse sentimento comigo. Que tirou minha frigidez. Que se doou ao máximo. Agüentou ouvir que eu amava outra mulher. Que me deu seu colo sempre e sempre. E que até hoje eu sei que é a única pessoa que sempre terá os braços abertos a me abraçar e ouvir.

Mesmo eu tendo a deixado só e corrido atrás de minha carreira em outro país. Dando todo apoio e me esperando por mais de 10 meses sabendo que eu tinha namorado e que já tinha a traído com outras mulheres. Que esteve comigo na alegria e tristeza?

Nunca me culpou por eu ter te seduzido daquela forma que no começo parecia somente uma busca para te ter como um troféu. Mas, depois, caí no teu amor e hoje ainda não consigo sair.

Não!!! Não a jogarei no lixo. Seja feliz. Que sua namorada dê-te tudo que eu não te dei, eu queria tanto ter te dado mais carinho e abraço. Não mude sua imagem, pois eu me apaixonei por ti como és...mas, meu preconceito...
Desculpa por te ligar aos domingos e não te deixar libertar desse sentimento. Obrigada por tudo!

A TERCEIRA, a brasileira... Aquela que no mesmo dia me pediu em namoro e disse que eu era maravilhosa. Que mesmo conhecendo meus defeitos continuou com sua paixão. Que fazia jantar quente e me esperava na madrugada. Que me deu o cobertor e ficou ao frio. Que tentou aprender a ser mais sensível só para me dar mais carinho.

Obrigada por tudo! Desculpa por ter dito que estavas a ficar masculina. Seja do jeitinho que te sentires bem. Foi bom ter dado a você aquela companhia nas noites depressivas nesse país tão frio no clima e nas pessoas.

A QUARTA, a mulher que não queria mostrar seu rosto. Que me mostrou uma linda história. Que queria ser fiél e sincera. Que respeitou meu momento de desencontro. Que até hoje espera que eu termine meu namoro para que ela me dê carinho.

Obrigada, vá viver sua vida. És uma menina linda por dentro e por fora.

A QUINTA, talvez a última... A minha vizinha que hoje passa por mim sem me dar à mínima. Que conheceu o pior de mim. Puni-te por querer me beijar frente a sua amiga. Obrigada por querer me dar uma noite maravilhosa mesmo sem poder. Foi uma ótima noite.
Saiba que já ensaiava minha mudança antes de começarmos, ser uma mulher melhor. Por isso achava que não deveríamos começar, pois certamente perderíamos a amizade. E veja só, hoje ninguém pode desabafar como amiga. Eu fui tão dúbia, mas pelo menos minha consciência tenho limpa, não dei em cima de um homem justamente ao teu lado, não fiquei com ninguém na noite que você me esperou.. Só neguei ser lésbica. A minha hipocrisia.

Mas, desculpa, foi bom ter conhecido tua pele doce. És uma menina fascinante, acredite mais em si.

Depois de tudo isso. Já sabem quem é a mulher que devo jogar no lixo?

Agora já não me sigam mais...

Essa sou eu, quem deve ser jogada ao lixo. Espero depois de sentir o cheiro imundo tal qual o cheiro do ciúme, e ao sujar-me ao máximo, aprenda a não me sujar mais de preconceito, raiva, traição...

Eu, Bette!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

I can't get no satisfaction....

Já diria a Mick Jagger, né meninas?

Então, já vi que isso aqui virou mais um blog da Bette do que qualquer outra coisa. Inclusive a outra já vem com cobrice dizendo que eu já devo ter virado HT. Me poupe né?

Uma vez tooshinha, sempre tooshinha. By the way, a falta de tempo tem me impedido de contar as historinhas, mas estou voltando pra tal em breve (espero que semana que vem), afinal alguém aqui tem que trabalhar pra poder juntar o troco do pão pra dar baque bem bela no show da Madonna, né?

E tudo é um babado forte...

Stay on tune! I'll be back...

xxAlicexx

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pintem as suas mulheres e as tire do quadro...

Já falamos de traição, de política, de ciúmes, das mulheres loucas, e agora... Vamos elevar nosso lado cultura e falar de ARTE. Gritar pela arte e exaltá-la. Vou falar pelas mulheres presas nos quadros, e pedir que vocês tirem as suas e ame-as enquanto fazem parte da realidade.

Vamos falar de pintura, das belas mulheres que deixam esconder o que há dentro de si.

Mas antes, vamos apagar tudo que vimos de pintura estampada com a mulher do passado, do discurso androcêntrico - puramente do ponto de vista masculino, onde a visão que nos oferece de gênero feminino nega o caráter de sujeito pensante, e só destaca a representação do objeto, ora em corpos nus ora em caras opacas sem brio...

Não sou a Bette da ficção que ensina arte, mas vou também falar de arte porque aprendi um pouco com ela, na visão que tenho da foto da minha ex-namorada, e os quadros que vi na exposição do meu imaginário histórico.

Começo com a Vênus do espelho, pintada por Diedo Velászquez, o corpo feminino é exaltado, e sua face escondida. Sua identidade não se revela, nunca saberemos se aquela mulher comum chamada de Vênus estava triste ou feliz. Se havia desejo ou renúncia... Não..não..não... Deixem mostram o sorriso de suas mulheres!

A Susana no Banho, por Tintoretto. Desse artista que transformou o nu inebriado de jóias, como se o sexo e o ouro fossem as duas únicas recompensas iguais por ter uma mulher.
Não..Não...não... Não a vejamos como Susana nossas mulheres!

E como falar dos quadros surrealistas e não pensar na violação do pintor René Magritte, com as bonecas de Hans Belner, que as formas “desformes” pitam os desejos masculinos, tratando-nos como objetos de desejo.

Quando elas não estão nuas, estão sentadas ao lado da sociedade, com faces tristes e inodoras.

E, claro, que não podia deixar de citar o mais clássico retrado do Renascimento pintado pelo “Da Vinci”, que fez uma Mona Lisa encomendada pelo seu marido. O seu sorriso quase inexistente e a posição de seu corpo como sinal de moderação dos seus sentimentos. O que será que aquela mulher queria dizer? O que a mulher de Cornélio Anslo pintado por Rembrantt estava pensando? O que a minha “ex” esta querendo dizer-me nessa foto que tanto olho dentro desse quadro cheio de mofo?

A arte não pode apenas oferecer um espelho/modelo, mostrando as mulheres submissas e silenciosas, débeis e passivas.

Ofélia, não fique passiva! Saia desse quadro e manifeste-se ao mundo. Tens muito mais beleza do que essa ridícula pureza mental e física que demonstras. Essa imputável passividade. Bette, saia desse quadro!

Não..não posso! Acho que ainda quero ficar congelada ao lado de Tina e não esquecer desse sorriso já morto que tiramos nessa pintura feita por máquina e flash naquela nossa semana em Belém.

A história da arte ainda castra a mulher de tantas outras expressões. E fica apenas o binômio de mulher-mãe pertencente a um homem, ou o corpo erótico...

Vamos..vambora..Voltemos a realidade, e deixa eu tentar ensinar aquelas que como eu perderam o tempo de pintar suas mulheres e tentar tirá-las do quadro:

- Ninguém conhece o íntimo e privado das mulheres. Escute-as!

- As nossas mulheres que foram pintadas em nossa imagem, ou fotografadas por pincéis sociais, tintas sem cores ou luzes de máquinas que as deixam sem sorriso, precisam rir conosco até chorar!

- Lembre-se: Como é linda a pele e forma sutil de uma mulher...

Porque não me despedi pintando outra imagem de mulher, desvendando-a com a mão ou outro objeto mais pessoal; nariz, seios, boca...A ter que preferir ser tocada e dormir num sono que nunca acordei.

Vamos olhar nossas verdadeiras obras de arte que estão em nossos quadros de recordação, as antigas e atuais mulheres e colocá-las em cima de uma cama, sentadas numa mesa de bar ou dentro de uma banheira e admirar sua voz, seu toque, seu olhar.

Hoje vou jogar fora sua foto... Não agüento mais esse olhar apaixonado e real apenas num passado que não volta.

Joguemos essas obras pictóricas do século passado que povoa em nossa cabeça, mande as mulheres acordarem e saírem desses quadros, falar no seu íntimo, mostrar suas faces e cobrir seus corpos nus quando assim desejarem. Vamos despir nosso sentimentos, se é vaidade, luxúria, reclusão, ócio, não importa, ousem.

Amem mais vossas mulheres para que elas não virem somente retratos e pinturas apagadas que a qualquer momento podem ir ao lixo.

Tire-as do quadro e chame-as para jantar...

Eu, Bette..

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

10 razões para votar em mim, por que ninguém me quer, eu mudei..hehe!

É meninas, o nosso Blogger também tem espaço para o Mundo Político, vou lhes dizer por que escolher a mim como mulher, e o melhor ainda, vou contar como foram meus primeiros passos para a entrada no mundo gay, como fui uma pessoa medilcre e preconceituosa... e, enfim, mostrar que todos precisam de uma segunda chance...

O início:
A menina que queria brincar de fazer xixi como o irmão...

Talvez tenho surgido ai que comecei a prestar atenção na sexualidade; na hora em que notei que meu irmão tinha algo mais interessante para fazer xixi. Ficava horas tentando acertar o vaso, mas nada, era inútil. Eu reclamei a minha fábrica o motivo do tamanho (eu sempre fui uma criança que seguia sempre seus conceitos, sem medo de falar a verdade pensada). Mas, me disseram que não dava, não conseguiria fazer xixi em pé...
Mas, pelo menos jogar futebol como o meu ídolo infantil “ o meu irmão” eu poderia... Mas, não... também era vetada de fazer xixi e jogar bola.
Comecei a ter raiva de ser o sexo frágil, e foi por isso que parecia um menino forte no meio daquelas meninas que não suportavam o asfalto quente.

Parte 2: Não tinha o namorado da Barbie....

O outro processo crucial deve ter sido no momento em que comecei a brincar de boneca na casa de minhas amigas, e a imitar o que os atores da televisão faziam. O “KEN/Q”, personagem que representava o namorado da Barbie ficava na posse dos brinquedos de minha vizinha rica, e quando chegava em casa? Bem, a minha Barbie cabelo cortado tinha que beijar a Barbie de cabelo loiro-esverdeado-de-cloro.

Parte 3: A brincadeiras com os primos...

Hoje o meu primo que agarrei na porta do seu quarto virou gay. Talvez tenha sido um excesso de pressão olhar a menina mais nova que ele, tão...tão precoce. Os dias em que ele não queria me beijar eu gritava: é marica...kkk. (que menina terrível).
Então, como queria ser atriz, restava-me brincar com minha prima também mais velha, e mostrar em cima dela o que os atores faziam com as mãos debaixo da roupa.

Parte 4: Na adolescência, a minha melhor amiga...

Eu hoje penso que aquela admiração intensa pela minha melhor amiga era algo mais que amizade. O abraçar com ela era um dos melhores momentos que tinha. Chegava a contar as horas de acabar a aula para poder me despedir dela. Acabei achando que estava apaixonada por seu namorado, mas hoje acho que era por ela.

Parte 5: As minhas figuras masculinas...

Sentada diante de uma analista, ela me fez ter a primeira lembrança do padrasto em cima de mim. Mas, todas essa gente diz que é problema dos complexo de infâncias e traumas... deixa isso para lá.
A outra passagem foi do meu cunhado pedindo para o beijar em troca de continuar com minha irmã que chorava no banheiro. O beijo pedido por minha própria irmã me fez ter a certeza de que nunca deveria participar dessas convenções malucas de sentimentos.
O cara lá, pai, que batia em minha mãe me fazia querer algo mais leve para me bater no futuro...perguntava sempre porque casar com algo tão diferente de nós?

Parte 6: O final da adolescência...

Exatamente aos 18 anos, saia de casa e me sentia a mulher mais arrasadora do mundo. Eu tinha acabado de perder 9 kg numa dieta insana de 2 meses, estava com um corpo bem definido, cabelos feitos luzes, começava a usar roupas ousadas e maquiagem destacada. Minhas amigas sentiam de longe a certeza de que a festa estaria acabada para elas. Estava disposta a provar minha feminilidade através de uma dança visual com os rapazes mais bonitos.
Em minha gaveta, num fundo secreto, eu colecionava uma lista que já chegava próximo aos 80 rapazes que já havia beijado.
Tudo era idiota, eu sei... Eu era mais uma adolescente idiota.

Parte 7: A universitária pré-conceituosa...

Nas aulas da faculdade encontrei o time perfeito para jogar um esporte ativo e excitante; o futsal. Mas, depois da primeira viagem do time, vi que as meninas faziam mais que jogar, e a minha repulsa por aquilo tudo, desmascarava a vontade de olhar aqueles beijos.

Parte 8: O primeiro fora de um homem...

Depois que descobri que ele tinha uma namorada, acabei ficando a mulher mais galinha do mundo. Resolvi usar dos homens..e claro, que quem estava sendo usada era eu. Comecei a aumetar minha gana por troféus de paixões. Quanto mais os deixassem apaixonados melhor para meu ego. Foram alguns que sofreram pela mulher que podia fazer e ser tudo.

Parte 9: descobrindo as mulheres...
Foi a minha supervisora, sei que culpei-a por ter me feito conhecer o que tanto repudiava. Acabei por tornar um desastre seu casamento.
Depois foi a Tina, a mulher que me calou e me fez sentir amada... foi também a que critiquei e traí...

Parte 10: Os dias atuais...enfim, as dez razões...

1 - Há hoje algo em mim que não consigo encontrar somente na maquiagem ou na roupa justa. Fiquei seriamente séria. Apesar de ainda ter cara de “Bisca” como dizia Tina;
2 - Tenho medo de entrar num bar gay e ser rejeitada... Já não coleciono beijos de homens e muito menos de mulheres;
3 - Prefiro despir meus sentimentos a meu corpo. Mostrar quem eu sou, mesmo dúbia, mas eu mesma;
4 - Já não faço parte do clube da luluzinha e da sociedade do corpo, que para mim já é um grande passo...O corpo, aquele que a tv coloca, que eu preferia seguir, mudou em minha mente, e vejo agora somente um objeto de consumo construído a golpes de vontade e de livro de cheques...da tortura das modas que orpimem as carnes reticentes em entrar nas roupas;
5 - Eu me envergonho de passar dietas e programas que irão torturar aquelas mulheres que buscam se encaixar no padrão perfeito de sociedade. Para segurar seus homens...Duas semanas de desintoxicação alimentar, 8 de treino pesado, o resto da vida sem sentir o gosto da cerveja e tomando goles de chás naturais. – Prometo que quando melhorar essa gastrite irei beber!
6 - O que penso quando estou na cama com uma mulher é algo que sempre foi sincero: as curvas sejam as estradas que forem, eu sei que vou admirar com meu veículo mão, e apreciar o olhar apreensivo nas suas faces.
7 - Não quero criticar mais os padrões, cada mulher se encaixa na sua própria identidade, no seu andar, na sua forma de pegar o garfo; cotovelos abaixo ou para cima. Mas, ainda acho uma saída amoral da identidade, àquelas mulheres que tentam se encaixar em qualquer coisa que se assemelhe aos homens.
8 - Não há curso para aprender a tratar bem as mulheres... e relembro da minha falta de preparo, e medilcre mentalidade. Mas, tentarei ser sempre doce.
9 – Não quero mais transar com meu ex-namorado, para provar a mim minha feminilidade.

Já sabem, já perceberam o quão estúpida fui e ainda sou.

E por fim, devo dizer que 10 – quero-a fazer feliz...

“Não pediria a troca do seu All star por sandálias que magoariam seus pés. Repudiar a música, segurar sua mão quando me queria tocar em frente as pessoas.. a sua forma de sentar” São nessas horas que olho para trás e penso que o quanto eu mudei e mudar não será o bastante para você me aceitar...Como sinto falta do seu atraso no banho...

Bette, e o seu besteirol..rs.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

As Mulheres que saem do meu armário...

Eu Bette, me encontro agora em frente ao espelho. Indecisa por saber qual das vestes hoje deveria usar.
Tenho posse de três convites, e nenhum deles me pedem para ir sem máscara, sem roupa de gala...podendo ser eu mesma.
E, também não me importo de me mascarar nesse momento, já que mostrar todo meu corpo indefeso ainda me faz sentir frio e sofrer por aquela mulher.
Pego a roupa de certinha, mas lembro-me agora, que na última semana essa roupa não me caiu bem. Ficou amarrotada depois que meus desejos a flor da pele deixaram molhar a minha única calcinha que possuía naquele carro branco, sujo, assim como os sentimentos de nós duas. Aquela mulher de verniz que não me deixa encontrar o meu equilíbrio durante as situações e agir com serenidade e certeza de quem eu sou.
Mas, acho que hoje é dia de ousar mostrar-me mais, colocar uma veste inacabada e deixar o tempo me mostrar se devo ou não tirar o resto.
Já nem sei com qual roupa deveria vestir, nesse espelho que não me diz nada, que não suporta nem mesmo meus olhares... acho que já não gosto de quem escondo com as roupas do armário.
Na verdade não sou somente eu, mas muitas de nós são apenas “pedaços de vestuário guardado”, pronto a ser colocado para mostrar o que o espelho social nos permite.
Eu preferia um quarto fechado, ficar sem roupa, aceitar o meu próprio convite e fazer amor comigo...Mas, não... Tenho de sair hoje do armário de meu quarto, mostrar minha roupa de lésbica, que a cada dia se incorpora mais a minha realidade e não me deixa mais ter desejos com homens e a desejar cada vez mais as donas dos saltos e dos batons que ainda não tirei de suas bocas.
O meu telefone toca... A voz nervosa me pede para que eu vá com ela. Mas, eu não quero histórias inacabadas, e por isso decido que não vou começar essa.
As horas vão passando e vou ficando mais certa de que não sei quem sou eu, e o que deveria usar. Ainda me vem a dúvida de qual cor deveria realçar em minha veste.
As cores para mim são como os sentimentos...mas, nem o céu consegue manter a mesma cor todos os dias... E, as mulheres que deixo no meu armário: a homo, a bi, a hétero... também não consegue adentrar-se em mim. Mudo de cor todo o tempo, como se meus sentimentos transitassem a cada instante nessa soma de situações que passo todo dia...
Acabo ficando sem roupa, como vim ao mundo. Acordei somente no outro dia com o despertador, e não usei nenhum convite.
É hora de colocar a farda. Estamos numa segunda-feira e as pessoas se assustariam se eu não mostrasse essa mulher comum de todos os dias.
Hoje não é dia de carnaval, mas só consigo olhar essas pessoas com máscaras inseminadas na suas faces.
Pelo menos, não impregnei em mim nenhuma veste, nenhuma máscara, ao menos ainda tenho armário, posso ser quem eu quero em vez de ser essa pessoa constante que me dá asco de ver nas fardas diárias quando me encontro ao espelho da semana, ou olho na janela à rua.

Bette.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O dia que encontrei-a

Estou saindo de casa para pegar o avião...
Chego depois de muitas horas no Brasil.
Eu estava fazendo uma surpresa a ela. Uma de suas amigas estava a levando ao aeroporto, mas não era aquele aeroporto que vi-a chorar tanto.
Larguei minhas malas quando a vi. E minhas lágrimas também cairam sem parar.
Olhei a face dela depois de um ano. Ela tinha no olhar muito espanto, acho que não era o momento para eu aparecer, ela estava confusa...Eu vi uma reação tão contrária a que vi na carta e nos vídeos.
Estava me sentindo uma burra, mesmo vendo ela me abraçar com tanta força... Mas, compreendi que ela não me queria como mulher.
Entramos em um carro. Nesse momento seguro os seus cabelos tão lisos que descem facilmente nos meus dedos.
Chego mais perto e sinto o antigo cheiro de seu corpo. Beijo o seu ombro como quando fazia na época da conquista. Porém, respeito os seus lábios que acham que é pecado beijar uma mulher que ela namorou durente um ano, e esperou tantos outros meses.
Deito no seu colo. Sinto aquele bem-estar das tardes de cólica que ela segurava minha mão e apoiava minha cabeça.
Saimos do carro. Vejo uma praia.
Não consigo falar com ela sem olhar para os olhos e lábios...ficamos paradas... esse é o momento que beijo Tina.

Mas, acordei, era apenas um sonho.

Hora da realidade...
Sonho que se sonha só é apenas um sonho.

By Bette.