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terça-feira, 21 de outubro de 2008

As Mulheres que saem do meu armário...

Eu Bette, me encontro agora em frente ao espelho. Indecisa por saber qual das vestes hoje deveria usar.
Tenho posse de três convites, e nenhum deles me pedem para ir sem máscara, sem roupa de gala...podendo ser eu mesma.
E, também não me importo de me mascarar nesse momento, já que mostrar todo meu corpo indefeso ainda me faz sentir frio e sofrer por aquela mulher.
Pego a roupa de certinha, mas lembro-me agora, que na última semana essa roupa não me caiu bem. Ficou amarrotada depois que meus desejos a flor da pele deixaram molhar a minha única calcinha que possuía naquele carro branco, sujo, assim como os sentimentos de nós duas. Aquela mulher de verniz que não me deixa encontrar o meu equilíbrio durante as situações e agir com serenidade e certeza de quem eu sou.
Mas, acho que hoje é dia de ousar mostrar-me mais, colocar uma veste inacabada e deixar o tempo me mostrar se devo ou não tirar o resto.
Já nem sei com qual roupa deveria vestir, nesse espelho que não me diz nada, que não suporta nem mesmo meus olhares... acho que já não gosto de quem escondo com as roupas do armário.
Na verdade não sou somente eu, mas muitas de nós são apenas “pedaços de vestuário guardado”, pronto a ser colocado para mostrar o que o espelho social nos permite.
Eu preferia um quarto fechado, ficar sem roupa, aceitar o meu próprio convite e fazer amor comigo...Mas, não... Tenho de sair hoje do armário de meu quarto, mostrar minha roupa de lésbica, que a cada dia se incorpora mais a minha realidade e não me deixa mais ter desejos com homens e a desejar cada vez mais as donas dos saltos e dos batons que ainda não tirei de suas bocas.
O meu telefone toca... A voz nervosa me pede para que eu vá com ela. Mas, eu não quero histórias inacabadas, e por isso decido que não vou começar essa.
As horas vão passando e vou ficando mais certa de que não sei quem sou eu, e o que deveria usar. Ainda me vem a dúvida de qual cor deveria realçar em minha veste.
As cores para mim são como os sentimentos...mas, nem o céu consegue manter a mesma cor todos os dias... E, as mulheres que deixo no meu armário: a homo, a bi, a hétero... também não consegue adentrar-se em mim. Mudo de cor todo o tempo, como se meus sentimentos transitassem a cada instante nessa soma de situações que passo todo dia...
Acabo ficando sem roupa, como vim ao mundo. Acordei somente no outro dia com o despertador, e não usei nenhum convite.
É hora de colocar a farda. Estamos numa segunda-feira e as pessoas se assustariam se eu não mostrasse essa mulher comum de todos os dias.
Hoje não é dia de carnaval, mas só consigo olhar essas pessoas com máscaras inseminadas na suas faces.
Pelo menos, não impregnei em mim nenhuma veste, nenhuma máscara, ao menos ainda tenho armário, posso ser quem eu quero em vez de ser essa pessoa constante que me dá asco de ver nas fardas diárias quando me encontro ao espelho da semana, ou olho na janela à rua.

Bette.

7 comentários:

LEZ GIRLS.... disse...

Viram como não é tão mal ter armários? hehe.

Md disse...

É verdade, mas é sempre difícl sair deles, não?

LEZ GIRLS.... disse...

Muito difícil, até hoje gostaria de conseguir sair dele, mas...
Abraços.
Bette.

Anônimo disse...

esse blog eta sendo minha fuga..
ahaha

meu armario esta cada dia mais bagunçado...
nem a farda eu acho mais.

a tampa da panela?
tah sentada aki falando cmg.
mas eu, como panela, resolvi me deformar e nao encaixar mais...

virei vegan...
nao como mais vacas, galinhas, piranhas e derivados.
entende?

abandona a vida de les?
fiz a etapa um jah..
perdi a moral com tds qdo resolvi numa sexta a noite andar de mao dada com um garoto.

as minhas mulheres? elas nunca entenderiam.

LEZ GIRLS.... disse...

Olá M,
Novamente obrigada pela escolha. Adorei saber que podemos deformar as panelas, eu ainda não havia pensado por este ângulo contrário.
Acho que seu relacionamento com mulheres não anda muito bem, e o passo 1, de regresso ao mundo hétero vai sendo seguido. Mas, infelizmente sempre acordaremos ou dormiremos com falta de algo... ontem olhei um casal de cabelo branco andando na rua... E me veio a certeza de que nunca poderei ser como eles. "um corpo de mulher que experimenta uma mulher, nunca mais será um corpo que volta a se acostumar com o que não é "desse corpo". Mas, eu a compreendo, acabei de chegar da casa de um homem, mesmo amando uma mulher...Bjus!!!

Anônimo disse...

ai ai Bette, sabe ql eh a minha verdade?
nao tenho mais paciencia para os meus romances...

enquanto isso eu vou vivendo..
eu estou sempre do lado dela
mas nunca p/ ela e por ela.. por completo.
melhor assim...

e as outras?
eu sou a dona do circo.. sei q no final do noite to no centro do picadeiro, mas nao dou ibope pras atraçoes [diferente da plateia, sempre presente]
eu soh dou alimento p elas continuarem por perto.

LEZ GIRLS.... disse...

M, vá caminhando, tentando sair a novos lugares. Eu depois que perdi a mulher da minha vida também aprendi a ficar do lado "delas" e também ser a dona do circo.
Não sei que mal é esse que não aparece nada que me cause embaraço, barriga fervendo, borboletas..hehe.
Beijo querida... vou publicar um besterol, pois estou ficando muito deprê.