Pensei em injeções. Lembrei delas para falar em analogia, por que mesmo que tente falar real, ninguém iria me entender. Não sei se cabe, mas para mim a dor de saber que podemos ver a dor, é o principal motivo de falar dela, ou melhor, delas...
A primeira vez que tomei injeção, lembrei que o aproximar da enfermeira, a linha branca constante, em vez de me passar calma me fazia criar pânico. Ela para mim deveria usar logo preto, lembraria mais a sensação de morte. Morte, como nunca estaremos preparados para ela? A morte fez lembrar de outra morte, e agora uma mulher se sente pequenina.
E de uma hora para a outra, o preto básico da festa, pode virar a roupa mais adequada no plano de fundo, sem o brilho de cordão e o casaco de seda.
É mesmo assim. Assim como a cor pode resultar em algo em poucos instantes, os sentimentos e falta de telefonemas também...
Mas, voltando ao braço, ou bem.. a injeção.
Vi que me traziam algo. Quando senti o torniquete prender meu braço, só achei que ela queria concentrar ainda mais meu canal de sangue, e penetrar toda uma cura dolorosa ali na veia.
Veia igual caminho...
Fechei os olhos. E imaginei ser menor o sentimento.
Paralisei. E imaginei que não tendo reações o momento terminaria logo...
Mas, não... Percebi que fechando os olhos, nesse momento, conseguimos ver ainda mais a agulha penetrar, concentramos-nos nela, no prejuízo causado a carne, no medo, nas frustrações. Igual também como quando paralisamos.
Não feche os olhos, não paralise!
Da segunda vez, havia além de uma pressão no lado direito, causado pelo torniquete, uma pressão na palma da mão, causada por uma mulher, que era a única paralisada ali, porque eu me movia em sentimentos, não mais só de angustia, mas de um lado bom, uma calmaria.
Abri os olhos, olhava para ela. Fechava os olhos e via dor. Abria e entrava ela. Que troca justa, dor por paixão.
Percebi que olhos fechados, tanto acordados como dormindo nem sempre são as melhores opções se há alguém do lado, mesmo um pouco distante, que queira fazer pressão do outro lado, para agarrar um pouco da pressão que se sente, equilibrando em pressões, trabalhando em opostos.
Deixa eu te dar a mão. Olha para um outro lado, e veja que estou aqui...
Bette...
3 comentários:
Bette, acho que vc é ímpar em fazer analogias. Assim como tempos atrás vc falou do Mineral Carvão para justificar as mulheres que se transformam em pedra preciosa, hoje vi algo que aproxima-me muito de tuas palavras.
Não foi nada mais oportuno, pelo que me contou, a mulher que segurava a tua mão era a mulher tão amada do Brasil, né? E há também alguém, ou "alguéns" tirando teu sono atualmente.
Acho que mesmo que doa, tens de largar um pouco o passado e se concentrar nas "mãos" do presente.
Lá estou eu novamente de psicóloga, não largo essa mania. Eu sei que és tão durona, que não suporta ser analisada, mas deita aqui no meu colinho, que eu preciso falar algo para ti. Linda!
Segurem-na que ela TÁ SOLTEIRA!!!
MENGO, MENGO...KKKK.
Ai se eu não morasse na Inglaterra, pegaria-te e levava para minha casa para dar uns mimos.
Sra. Psicóloga. Nossa, meu carma é ser analisada, eu pago consulta para as outras, sabe a Shane, ela deve tá diferente, e Alice, ficou muda, deve ter tido algo.
Mas, não, quer minha cabeça para estudo..rs, e pelo visto queres outra coisa? kkkk.
Ai..ai. Confesso que hoje tou tão carentinha, que sou capaz de pegar um avião e te ver..rs. Mas, e se eu cair no mar, tu sabe nadar?
Agora, falando sério, estou mesmo perdida, acho que preciso só de amigos para fazer pressão das mãos, ouvir e me ver.
linda too.
kisses!
Postar um comentário