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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Exorcismo, conversão ou aceitação?




Bom, esse post é basicamente sobre um relato de experiência homofóbica.

Minha primeira namorada é aquele tipo mulherão, que todos os homens queriam comer (bem no sentido vulgar da palavra). Simpática, expontânea, sedutora, enfim, muitos atributos que atraem os tarados de plantão.

No entanto, sempre achei ela gayérrima, por diversos motivos que poderão virar um post futuro.

Bom, mas ao longo de nossa relação, tivemos inúmeras discussões, e tudo girava em torno do fato dela ser extremamente homofóbica.

Vejamos... ela foi minha primeira mulher, e quem acompanhou os posts anteriores, bem sabe que foi ela que deu em cima de mim terrores. Sempre que este tipo de situação ocorria, eu me perguntava e refletia até cansar, como é que uma pessoa dessas achava que não era gay, e que um namoro como o nosso, que durava cada dia mais, era apenas uma coisa que quando terminasse, a faria voltar a ser hétero?

Bom, essa era uma de minhas perguntas. Eu não a condenava, pois passei por alguns momentos do tipo, onde quando a beijava, me pegava pensando "Geezuix, ela é uma mulher e eu também! What the hell"?

Bom, mas quando completamos dois meses, ela se reaproximou do pai. Eles não se davam muito bem, pois um babado forte de família abalou a relação deles de pai e filha. Anyway, dei o maior apoio pra que ela ficasse ao lado dele, desse suporte, pois ele precisava muito naquele momento.

No entanto, caras leitoras, ele é daqueles crentes fervorosos, que todo dia está no culto, e pra agradá-lo, ela começou a freqüentar também. Pra agradá-la, ate cheguei a ir umas duas vezes, contrariando minha vontade, pois eu odeio essas coisas onde as pessoas parecem montes de alienadas.

Enfim, com o tempo, ela foi freqüentando cada vez mais, até que resolveu se converter.

No entanto, nossa relação começou a passar por uma crise, pois a lavagem que eles fazem é só no poder, e ela começou a sucumbir. Lembro-me dum desses sábados em que passávamos juntas num motelzinho perto de casa, e ela praticamente se forçou a fazer algo. Eu via que ela não tinha tesão, pelo contrário, tinha nojo de estar ali comigo.

Eu lógico, sensível até a morte como sou, fiquei extremamente abalada e me dei conta que estava perdendo ela pra igreja, oras vejam só. O pastor condenava os gays, e ela sequer se aceitava como uma, logo o que tínhamos era algo abominável, e queimaríamos no fogo do inferno segundo o que eles pregavam.

As coisas foram gradativamente ficando mais complicadas, até que chegou num ponto onde eu não agüentei mais estar com alguém e sentir que este alguém tinha nojo de mim, tinha repulsa. Conversamos francamente, como sempre fazíamos, mas cabia somente à ela decidir o que escolher: sua "salvação" pela palavra alienada, ou sua "perdição" comigo.

Aos poucos ela foi se dando conta que não conseguiria lutar contra o que sentia por mim, e atentou que o que ela cometia era um terrível engano.

Deixou essa história de ser fervorosa na religião, e voltou gradativamente à sua essência gay.

Porém, esse lance de aceitação nos sondou por todo o relacionamento. Por muitas vezes ela me condenava por ser gay, se condenava por ser gay, dizia que éramos doentes e coisas do gênero, repudiava meu modo de vestir (camiseta [pois aqui faz um calor dos infernos], jeans, e all star [pois salto acaba com a minha coluna]), recriminava demosntrações de afeto, e que fôssemos gays apenas entre quatro paredes.

Ai, as demosntrações de afeto... Lembro-me que as vezes em que marcávamos de nos encontrar, que a esperava por umas 2 ou 3 horas até que ela saísse do trabalho, ia encontrá-la na porta da academia co mumas flores apanhadas no caminho. Ela me esculhambava dizendo que aquilo dava muito na cara e que não era mais pra fazer aquilo.

Numa das vezes fomos ao shopping, fazer nada, só tomar a velha casquinha do Mc Donald's, e quando estávamos voltando pro carro, passando por um corredor que não tinham uam loja aberta sequer, uma pessoa perto sequer, disse que a amava, e ela simplesmente soltou um "pfffffff".

No carro, ela acabou comigo falando do meu modo de vestir, do meu modo de falar, do meu modo de andar (que by the way é assim pois minha coluna foi educada no colete depois de uma cirurgia), que eu dava muito na vista, enfim, praticamente utilizou o termo gay como ofensa. Me lembro do quanto chorei naquele banco ao ouvir aquilo da pessoa que mais amava, e que quando me pus a descer do carro pra voltar de ônibus, ela me fez voltar me chamando de covarde.

Coisas desnecessárias. As pessoas desconfiavam dela, o insinuavam algo, e eu que pagava o pato. Sim, pois meus amigos que ficaram sabendo muito tempo depois que sou gay, dizem que não dava pra notar se rolava algo entre nós, pois eu era muito discreta.

Além disso, sempre rolava o lance da auto aceitação. Ela propôs algumas vezes que eu aceitasse que ela ficasse com homens, pra poder mostrar às pessoas que ela estava na ativa, já que ela sempre foi a "pegadora", e não só pra isso, pra poder se auto afimar enquanto mulher também (palavras dela), e isso sempre me magoou. Logicamente que eu não sucumbia, e na vez que ela disse que era pra eu aceitar, e que se não aceitasse, terminaríamos, resolvi terminar por não admitir tal coisa. É como se estar comigo não fosse suficiente!

Ainda sim, por amá-la muito, suportei cargas das mais pesadas, com seus preconceitos e julgamentos, que infelizmente não partiam apenas dela, mas de sua família também.

Hoje em dia não estamos mais juntas, e ela sempre ficou pasma com o fato de eu ter aceito minha sexualidade muito bem, sem muita neura. Ela já melhorou bastante em relação à isto, mas tem muito o que caminhar no mundo da aceitação.

X.O.X.O.

xxAlicexx

Um comentário:

LEZ GIRLS.... disse...

É Alice, sei como sua ex se sentia. Eu, que vivo nos dois lados do mundo, hj estou aqui, no um ano de namoro com um homem, com saudade de minha ex, que me daria rosas, me esperaria, me falaria coisas e não deixaria esse dia nessa penumbra que me encontro algo.

Parabéns por ser forte e não covarde.

Bette!