E Bette foi viver sua história...
As noites ainda não são fáceis, falta aquele bom-papo, o telefonema, mas por alguns meses esqueci disso e fui viver com outras pessoas.
Fui viver com um homem. Por quase dois meses havia esquecido que amava a Tina. Sempre quando vinha a lembrança, tentava fazer outra coisa.
Fazer outra coisa para esquecer, quer dizer ter muito sexo e... Ter outras aventuras...hehe.
Bem, em março antes de ter minhas noites quentes com a tal brasileira, comecei a falar com uma mulher. Ela havia tido uma história duradoura e de dar inveja. Realmente queria ter a oportunidade de viver com a mulher que amo, como ela fez.
Ela conheceu sua mulher com 15 anos de idade, das conversas de escola, das festas de colegas, as duas começaram a descobrir o amor. Viveram uma relação intensa, e com o tempo não conseguiam se separar. Os pais da sua namorada tiveram de mudar de cidade, e acho que o mais incrível aconteceu aí: a mãe recebeu sua namorada e começaram a morar juntas.
Viveram um, dois, três.. nove anos juntas. Até terem uma casa para si, uma vida em comum.
Fiquei realmente atraída pela história e comecei a me atrair também por ela. Eu conheci o outro lado da história, onde dizia que elas estavam separadas há 7 meses.
Eu lamento, acho que não são 9 dias nem nove noites. Quanta história devem ter vivido, as mudanças da adolescência, os dias de chuva e sol. Mas, eu tinha de aproveitar que ela estava só, é claro.
Ela estava abandonada. Eu de certa forma também estava abandonada...apesar de namorar alguém.
Ficamos durante dois meses falando pela Internet, ela nunca me mostrava sua foto. E esse mistério me fazia achá-la cada vez mais interessante. Começamos a falar também pelo telefone, e foram noites acordadas contando nossos segredos, ficando molhadas com as conversas cada vez mais ousadas. Ela sempre começava perguntando, o que faria comigo se estivésse em sua cama ai agora..ai,ai. Imaginem!
Ela viajou, e passamos mais um mês por telefonemas na madruga e o velho bate-papo virtual. Era a voz que tinha durante a noite, era alguém que podia contar.
Mas, ela não queria se envolver com uma mulher como eu, já que tinha contado minha vida para ela, ela me achava muito complicada e infiél e sempre repetia: você tem namorado.
Ela não tinha certeza de seus sentimentos por mim, então, como sou o tipo de pessoa que não sabe ficar só, preferia meu relacionamento seguro. E estava vivendo minha vida coca-cola.
Maio chegou, e marcamos um encontro. Eu estava nervosa, eram mais de três meses falando com uma voz sem rosto.
Quando a vi fiquei radiante, ela me conquistou por sua simplicidade e sua voz. Desde os 5 últimos metros que ela esteve diante de mim, descobri porque ela não queria mostrar seu rosto.
Era uma mulher de 25 anos, cabelos lisos, pernas grossas, corpo perfeito, mas o seu rosto era todo marcado. Ela já tinha me dito que precisava a cada dois dias tomar uma medicação. Aquela doença no sangue havia deixado seu rosto cheio de cicatrizes. Ela vive com uma doença degenerativa. Acho que naquela hora só queria deixá-la confortável e abraçá-la.
Dessa vez, a Bette brasileira tal qual a Bette da ficção também tinha se apaixonado por uma mulher forte e diferente. E não sei explicar, mas acabou me exaltando um sentimento de proteção e carinho. E eu adoro tratar uma mulher como ela deve ser, carinho, atenção (isso claro quando não estou estressada e arrogante).
Conversamos durante 4 horas seguidas, comecei a demonstrar minha forma de carinho por ela.
Ela me mostrou a cidade, e fiquei o tempo todo encantada por está perto da voz que eu conhecia tanto.
Fomos para o carro dela, conversamos até a anoite, eu deitei no seu colo. Fazia tanto tempo que não tinha um colo, e a cumplicidade com alguém.
Ela queria ser minha amiga, mas depois deu tocar sua mão nós sentimos algo muito bom.
O cabelo foi tocado calmamente por minha mão, a face foi sentida, as mãos delas frias sentiram o beijo de minha boca. Ficamos por alguns minutos naqueles carinhos, até ela me lembrar: você tem namorado.
Não sei que mal é esse que ultimamente só encontro mulheres que me querem fiél.
Estávamos com um desejo, ela me olhava para os olhos e lábios. Eu cada vez mais passava a mão pelo seu corpo. Chegou um momento que pequei o seu queixo e beijei-a, e ela aceitou.
Beijamos e nos tocamos intensamente. Eu estava com aquele desejo que faz tanta falta.
Ela me deixou em casa, resolvemos não passar dos beijos. Como ela era certinha..hehe. E claro, disse para ela que não queria mais que aquilo e que iria esperar o tempo que fosse para um dia admirar seu corpo.
Ficamos a noite ao telefone, acordei-a com uma mensagem romântica.
Depois que soube o que era a falta de minha segunda mulher, havia sentido como estava me fazendo falta amar e ser amada, e queria dar a ela tudo que não pude dar em meus outros relacionamentos.
Foram outras várias mensagens ao longo do dia. Cheguei correndo em casa para encontrá-la na Internet.
Mas, a noite, era hora de voltar a realidade. Fui dormir na casa dele. Tomei banho, e deixei minhas coisas em cima da cama.
Quando voltei do banho ouvi um pedido com uma voz fria.
Fizemos amor, e depois me mandou pegar minhas coisas e ir embora. Já estávamos 7 meses juntos, e nunca tinha visto ele daquela forma.
Eu no dia anterior tinha vivido momentos de paixão com uma mulher, mas não estava preparada para acabar com alguém no outro dia.
E também me perguntava, o que foi que fiz? hehe..
Passou tanta coisa em minha cabeça, pensem numa mulher que pensou tantas possibilidades, já sabem que sou uma mulher muito fiél...né?
Finalmente ele falou: eu vi o CELULAR com várias mensagens “dele”.
Ora bolas, lembram-se do telefone? Sempre ele para ferrar com minhas histórias. Ele leu minhas mensagens, e o pior, achava que era um homem.
Acho que a pior sensação de alguém que nunca contou que é lésbica é quando tem de falar pela primeira vez para alguém que não compreende o nosso mundo. E eu não sabia o que dizer.
Ás 2hs da manhã estava na rua, andando no frio de 2º. Que merda! Que capacidade de fazer as coisas erradas. Nem tinha crédito para mandar mensagem a ela e ver se me aceitava na sua casa..rsrs.
Ok, a opção era voltar para minha casa. Estava mais uma vez sem saber o que fazer.
E imagina para quem eu mando um e-mail? Claro, a pessoa que sempre foi meu porto-seguro e soube me dar um norte para minha vida: Tina...
E no outro dia ele, nem a minha garota da internet e nem a Tina queria falar comigo.
Pedi a garota da internet em namoro, mas ela não quis ficar comigo, disse que não queria confusão. E depois disso, nunca mais nos vemos, quando fiquei sem celular acabei perdendo o número dela. Também havia excluído meu e-mail criado para a caça, e perdemos o total contato.
Sem ninguém e sem o celular, foi a semana que mais tive liberdade, haviam roubado-me. Para alguém como eu, ficar sem esse aparelhinho que me faz mandar mensagens de madrugada ao Brasil, que me faz ligar e atender as tentações que as mulheres me fazem ter é simplesmente ficar sem a possibilidade de fazer besteiras.
Mudei de linha, voltei com ele, voltei também a pensar em Tina. Fizemos as pazes na amizade. Prometemos ouvir a outra.
Era a hora de aproveitar e fazer uma limpeza em minha vida!
E procurar o meu passado...
Mas, o meu passado chamado Tina estava cada vez na sua nova vida. Estava pouco a pouco sem aquele sentimento que a tornava prisioneira de mim. Ela queria se libertar.
Soube que ela estava ficando com o mesmo rapaz que um dia tivemos um ménage à trois. E aqui abro um parêntese para dizer que essa foi a pior idéia que eu poderia ter, foi sem dúvida uma imagem que sempre tento apagar: ver alguém transando com ela.
Bem, ela estava vivendo sua vida. Acho que ela sempre esperou uma decisão de minha parte, sobre o futuro, sobre o que eu realmente queria com ela. Mas, eu sempre vivendo minhas outras escolhas e sendo infeliz.
Ela estava procurando na net e boites mulheres, sua melhor amiga estava ajudando-a.
Cada vez mais estava vivendo o ciúme de saber que ela queria viver outras mulheres. Eu tive duas mulheres depois dela, ela não poderia ter ninguém!
Mas, ela teve...
3 comentários:
Algum dia conseguirei encontrar a Tina? Ou mesmo realizar a fidelidade?
Encontrar a Tina? Isso é possível sim. Agora fidelidade é algo trabalhável no caráter das pessoas. Nós somos aquilo que queremos ser, independente de desejos ou educação!
Obrigada Alice por suas palavras. Você também me ensinou como ser eu mesma. Ass: Bette.
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