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quarta-feira, 2 de julho de 2008

Como tudo começou com a Alice brasileira...

Eu a vi pela primeira vez de manhã, quando saía da aula pra ir trabalhar.


Ela pegou o Campus na parada da biblioteca. Estava com uma pilha de livros nas mãos, uma leggin’ azul, uma camiseta regata branca cheia de furinhos, e uma faixa azul no cabelo.

Não sei porque, mas senti que aquela garota desengonçada algum dia cruzaria minha vida. Depois a vi com uma amiga que jogava futsal comigo, mas não dei importância. Ambas eram do curso de Educação Física.


Muito tempo depois, eu estava com disciplinas atrasadas, e resolvi fazer uma delas fora do meu curso. Nessa época eu tava muito deprimida, fazendo tratamento com remédios e tudo mais, e até cheguei a ficar um mês sem ir pra aula. E lá eu avisto aquela mocinha linda com aquela bunda gigante! Ela sempre chegava com os cabelos molhados e atrasada, pois dava aulas em piscina e elas iam até parte do horário da disciplina.

Quando voltei a freqüentar as aulas, senti que aquilo que eu havia pensado tempos atrás estava pra acontecer. Ela era toda comunicativa, falava com todo mundo, aí começamos a conversar meio que por educação, até que um tempo depois, mesmo nós sendo péssimas colegas de turma, eu recebo um convite dela no Orkut. Eu nunca fui muito de aceitar convite de colega, até porque depois que a disciplina acaba, todo mundo para de se falar, e você fica com aquele monte de profile inútil ligado à você. Mas aceitei mesmo assim, pois não quis ser mal educada.

Ela passou uns dias sem ir pra aula, e eu senti falta da figura dela. Quando ela retornou, antes da aula começar, estava com um rapaz, que no futuro tornou-se um grande amigo meu, tocando violão. Parei pra cumprimentá-los e disse que senti falta dela na aula. Ela tinha ido pra um congresso em São Paulo, e tinha deixado um scrap pra mim quando perguntei por onde ela estava. Eu dizia que sentia inveja dela, e que era pra ela ter me levado na mala. Então começamos a nos aproximar. Conversávamos sempre que dava, ela me adicionou no MSN e conversávamos mais ainda. Aí fomos a uma calourada, dividimos uma cerveja, conversamos eu, ela e ele até uma da manhã. Já nos sentíamos muito próximas, e já estávamos confidenciando coisas íntimas, coisas de nossas vidas. Eu falei sobre minha família, e entristeci em frente à eles.

Eu tinha que viajar pra uma ilha tomabda pelo patrimônio no dia seguinte, e no caminho da carona, ela apreensiva comenta que tem algo muito importante que queria confidenciar somente à mim, pois achava que eu era confiável. Pensei: “das duas uma: ou ela abortou, ou ela é gay!”

Ela me enrolou o caminho todo, e eu morta de curiosa. Não me agüentava mais pra querer saber o que raios era esse segredo. Paramos no posto de gasolina, e continuamos conversando lá. E então, ela veio me dizer que o homem casado que ela teve um caso e não conseguia esquecer que tanto me falava, na verdade era uma mulher. Dei o meu sorrisinho de “eu já sabia”, e enquanto ela chorava dizendo que era doente por sentir atração por mulheres, eu senti meu coração partir. Queria tanto poder ajudar, fazer com que ela não sofresse... já tinha me apegado à ela ainda que superficialmente, e como de praxe, soltei minhas palavras confortantes, alegando principalmente que ser bi ou gay (apesar de serem a mesma coisa) não era doença.

Num dos meus atos de piscar, vi uma cena acontecendo dentro daquele mesmo carro. Estávamos nós duas, numa noite qualquer, e eu via um beijo... mas era um beijo na boca, e logo acordei desse sonho repentino e continuei a conversar com ela. Dei-lhe um abraço pra tentar confortar, e enfim ela parou de chorar. Ela explicou as coisas que sentia quando estava perto de uma mulher, e eu ouvi a tudo atentamente.

Tadinha, meu coração partia em ouví-la daquela forma. Enfim, tive que ir pra casa, pois tinha que viajar de manhã cedo.

Na ilha, já a tarde, eu não conseguia parar de pensar na conversa, e peguei o celular da minha amiga que liga pra mesma operadora que a dela de graça nos fins de semana, e liguei do ponto mais alto da cidade. Queria me assegurar que ela estava bem, mas nem mesmo sei porque fiz aquilo. Sei lá, eu estava em outra ilha e não parava de pensar naquilo. Queria colocá-la em contato com pessoas que passam pela mesma coisa pra que ela não se sentisse uma aberração como fazia parecer.

O tempo foi passando e a gente foi se aproximando ainda mais. Saía pra beber, conversávamos aos montes, e eu realmente sentia uma sintonia ímpar como jamais havia sentido com qualquer outra pessoa! Era fantástico! Eu finalmente tinha alguém que podia confiar. Mas aí começaram as conversas picantes no MSN, e ela começou a se jogar pra mim. Queria me seduzir, mas eu não cedia. Alegava que aquilo tudo era um engano, que o que ela estava fazendo comigo era errado, e que estava jogando tudo no lixo.

Quando me dei conta, já estava rebatendo e jogando aquele jogo da sedução também, mesmo que inconscientemente e da forma desafiadoramente humorada que tenho, porque na maior parte das vezes não levo esse tipo de desafio à sério, e somente brinco de volta.

Num certo dia, saímos e fomos beber num bar qualquer na praia. Eu não tinha comido nesse dia, e era fato que eu ficaria bêbada rápido. Eu sempre converso com as pessoas olhando diretamente nos olhos, e isso estava naquele momento virando uma tentação à ela. Num dado momento, ela já estava pegando minhas mãos, e passava por meus braços, e dizia que estava cheia de libido, mas logo relutava dizendo que não podia fazer aquilo. Eu não sabia o que dizer. Ambas passávamos por momentos conturbadores, e não queria dizer algo que viria a magoá-la. Esse negócio de evitar dizer as coisas acabou dando oportunidade pra ela atacar. Eu já tava mole de breaca. Entramos no carro, e não muito distante, ela parou num trecho da praia onde os casais ficam no carro namorando. Perguntei o motivo dela ter parado o carro, e ela respondeu que não agüentava mais e queria me beijar. Minhas forças foram suficientes apenas pra perguntar se ela estava louca e virar o rosto pro lado. Minha pressão baixou e eu simplesmente não conseguia mais me mexer. E então ela me beijava, e eu não conseguia sair dali. A mão esquerda pegava em meu seio direito, até que consegui voltar a mim e ela se deu conta que pelo fato de eu não estar respondendo e poderia ter desmaiado. Meu único reflexo foi abrir a porta do carro e sair correndo em direção ao mar. Ela pensou que eu ia me suicidar ou coisa assim e saiu correndo atrás de mim, e tudo o que fiz foi parar e vomitar terrores. Ela cortou os pés nas pedras e disse preu nunca mais fazer aquilo.

Pensei que a única saída era realmente alegar que eu estava desmaiada e dizer que não lembrava de nada do que tinha acontecido. Ela ficou indignada por eu não lembrar de nada, mas assim a situação foi contornada.

E tudo continua. As provocações nos chats, e a minha indignação pela falta de respeito. Brigamos algumas vezes por conta disso, até que ela disse ter dado uma trégua. Lembro de uma sexta, onde foi o último dia de aula, onde resolvemos tomar umas pra comemorar. Ela me chamava de irmãzinha e tudo o mais. Mas eu ainda não tava 100% confiante e recuperada da deprê. Queria fazê-lo em um lugar calmo, sem barulho. Nesse dia eu tava de saia e camiseta branca. Bom, ela deu a idéia de irmos prum motel, já que nunca tinha ido em um (fazia pouco tempo que havia perdido a virgindade com o espanhol, apesar da idade [23]), e a gente poderia conversar bastante e tomar nossas cervejas sem que ninguém nos incomodasse, e ela enquanto minha “sis” seria a primeira a me mostrar e dar dicas a respeito. Ela prometeu não fazer nada, já que estava tudo superado. Resolvi dar esse voto de confiança, até porque seria indelicado da minha parte, ela com um monte de problemas, tendo ao lado alguém que desconfiasse. Enfim, fomos pro raio do motel, e ela o tempo todo me tratando como irmãzinha pra cá, irmãzinha pra lá.

Quase na hora da gente ir, eu voltava do banheiro, e ela pediu pra que lhe desse um abraço. Ela queria agradecer por eu estar ao lado dela esse tempo todo. Fui inocentemente dar o abraço, e lá ficamos em pé abraçadas. Até que veio aquele beijo no meu pescoço e perguntei qual era a dela. Saí de perto e voltei pra cama pra continuar assistindo TV. Ela pediu desculpas e ficou comportada, até que veio de novo, e agora mais afoita querendo me beijar e eu não estava deixando, virava prum lado e pro outro pra não deixar acontecer, enquanto minhas mãos fechavam no ponto de eu dar-lhe um belo soco na cara. E o pior que ela pedia preu deixar ela me beijar porque queria sentir a outra de novo. Nossa, fiquei puta e esculhambei com ela.

Fomos embora com ela me prometendo que isso não aconteceria novamente.

E assim foi. Já falava em homens novamente, e não sei por qual motivo, mas eu comecei a sentir ciúmes, e guardava só pra mim. Queria vencer aquilo sem ter que me abrir. Ela somente mudou a tática, mas já parecia fraca na insistência. E quando finalmente eu pensava ter me livrado desses demônios que me tentavam, aconteceu: meu corpo respondeu. A partir daí, eu já não sabia mais o que fazer. A cada dia aquilo ficava ainda mais forte, e o contato das mãos dela passando em meus braços e ombro já faziam efeito que eu evitei durante esse tempo todo. Eu não agüentava mais ficar com aquilo pra mim, e deixei um recado dizendo que uma merda tinha acontecido e precisávamos conversar.

Agora é feriado. Dia 15 de novembro de 2006, e ela liga. Ok, e eu pensava, é agora que eu vou me livrar disso que está tirando o meu sono. Lembro de ter dito: “É, você tanto fez que conseguiu o que queria. Um corpo respondeu”. Ela falava e eu sentia que do outro lado da linha ela vibrava. E eu morria de ódio pois tinha perdido essa batalha e feio. E ela continuava falando, continuava profetizando como eu me sentiria, o quanto era bom, e isso e aquilo. Eu só dizia que não queria aquilo pra mim, pois me conheço. Ficaria mal, e eu tinha acabado de parar de tomar meus remédios, não queria voltar a fazê-lo. Bom, marcamos de conversar no dia seguinte pra resolvermos de vez a situação.

Novamente nós dentro do carro. Ela resolve parar atrás de um condomínio, e eu como sempre fazia, baixei o banco do carro e fiquei deitada olhando as estrelas. Conversamos algumas coisas que nada tinha a ver com o que tínhamos pra tratar, e eu via nela aquele ser que se acha vitorioso. Eu queria logo resolver tudo, mas sequer conseguia falar. Estava pra desistir e sair do carro, até que ela chega em meus ouvidos e sussurrando diz que iria tentar me beijar pela última vez. Faria aquilo e se afastaria já que ela não tinha mais nada a perder. Eu ainda tentei relutar com aquilo dentro de mim, mas acabou que ela me beijou. Ela me beijou, e eu beijei de volta. Não senti nada do que ela disse que eu sentiria, e disse que beijá-la era como se eu estivesse beijando um cara qualquer de uma festa qualquer. E beijamos de novo, e eu já me sentia menos desconfortável. Foram exatamente três beijos médios. Eu não tinha gostado muito do beijo dela, pois era muito molhado, e ela dava o beijo que eu denomino sexual. Tipo como se o próximo passo seria obrigatoriamente o sexo. E eu disse isso. Ela me deixou no mesmo posto em que me contou tudo, e o mesmo posto onde me deixaria inúmeras vezes no futuro.

E foi aí que o pontapé inicial foi dado.


xxAlicexx


Um comentário:

Tatiane Trajano disse...

Bom começo. Espero novos post´s aqui.